reduto de criptojudeus. Diziam que Diogo e Branca tinham aportado a Pernambuco fugidos do Santo Ofício, mas era pura maledicência, pois não se pode duvidar de que fora Duarte Coelho, cuja família (vide carta de Jerónimo de Albuquerque) também se interessava pelos supostos fugitivos, o responsável pela vinda de Diogo à donataria. O fato é, que um corpo estranho, encravado num meio social, provoca reações que aumentam na medida do seu desenvolvimento. O número de filhos dos Fernandes, mais os donos dos engenhos e parentes e amigos, todos pertencentes ao mesmo credo, pareciam perigosa judiaria aglomerada num recanto de Pernambuco.
O depoimento na mesa da visitação da criada mameluca Ana Lins, rezava que Branca Dias tinha por costume colocar sobre a cama da sexta-feira aos sábados, uma escultura de pau representando cabeça de boi sem chifres. Lembrava-se também, que num dia da semana, sexta ou sábado, mandava a patroa que ela cozinhasse "hua panellada... a qual se fazia da maneira seguinte... lançavão a carne picada na panella com azeite e cebolla e grãos e adubos e outras cousas, e barravão lhe o resto com massa ao redor e metiamna dentro hum forno onde estava até se cozer". Não se recordava a propósito, se devia ser o prato comido no sábado ou no domingo. Respondendo a uma pergunta do inquisidor, tampouco lhe ocorria de momento, se aos sábados a