construção de tão belas obras. Cabe-me ainda o prazer de declarar-vos que já rendi as devidas graças ao Bom [553] Jesus por me ter prestado o seu poderoso auxílio a fim de eu levar a efeito a obra do seu servo, que a não ser tão belíssima pessoa, certamente não conseguiria realizá-la. Praza aos céus que os habitantes de Belo Monte saibam agradecer cordialmente os benefícios que acabam de receber do Bom Jesus, que é uma prova que atesta do modo mais significativo os tesouros da sua infinita bondade e misericórdia.
[554] Sobre a parábola do Semeador
Saiu o que semeia a semear o seu grão: E, ao semeá-lo, uma parte caiu junto ao caminho e foi pisado e a comeram as aves do céu. E a outra caiu sobre pedregulho: E quando foi nascida secou porque não tinha umidade. E a outra caiu entre espinhos e logo os espinhos que nasceram com ela a afogaram. E outra caiu em boa terra: E depois de nascer deu [555] fruto, cento por um. Dito isto, começou a dizer em alta voz: Quem tem ouvidos de ouvir, ouça. Então os seus discípulos lhe perguntaram que queria dizer esta parábola. Ele lhes respondeu: A vós foi-vos concedida conhecer o mistério do reino de Deus, mas aos outros se lhes fala por parábolas para que vendo não vejam e ouvindo não entendam. É pois este o sentido da parábola: A semente é a palavra de Deus. A que [556] cai à borda do caminho são aqueles que a ouvem, mas depois vem o diabo e tira a palavra do coração deles, porque não se salvem, crendo. Quanto à que cai em pedregulho: Significa os que recebem com gosto a palavra, quando a ouviram; e estes não têm raízes, porque até certo tempo creem, e no tempo da tentação voltam atrás. E a que caiu entre espinhos: Estes são os que a ouviram, porém indo por diante, [557] ficam sufocados dos cuidados e das riquezas e deleites desta vida, e não dão fruto. Mas o que caiu em boa terra: Estes são os que ouvindo a palavra com coração bom, e muito são, a retêm, e dão fruto pela paciência. Ninguém pois acende uma luzerna e a cobre com alguma vasilha, ou a põe debaixo da cama: Põe-na sim sobre uma candeeiro para que vejam a luz os que entram. Porque não há cousa encoberta que