Antônio Conselheiro e Canudos

Biografias sem abono histórico

Para que se possa avaliar devidamente o sentido da vida de Antônio Vicente Mendes Maciel, importa ter sempre presentes os fatos. As conjecturas e interpretações, ordinariamente subjetivas, não devem afastar os fatos.

Assim, vemos que seu pai conta com a sua ajuda na casa de comércio e nos cuidados das irmãs mais moças, todos órfãos de mãe. É para auxiliá-lo no armazém que Antônio Vicente permanece atrás do balcão até 1857. Continua ainda por dois anos após a morte do pai.

Recorde-se que foi cuidada a sua instrução, tendo estudado com outros colegas português, latim e francês.

Não há nenhum indício de que por vontade paterna fosse destinado ao sacerdócio. Só por mandá-lo aprender latim? Nenhum dos seus condiscípulos foi sacerdote.

O latim, àquele tempo, era a base dos estudos de humanidades e não iniciação à vida eclesiástica. Em face da escassez do clero, seria fácil encaminhá-lo gratuitamente ao seminário de Olinda, donde saíram todos os sacerdotes cearenses até a criação do seminário de Fortaleza, no mesmo ano do casamento de Antônio Vicente.

Já historiamos a sua vida daí por diante, trabalhosa, mas de ascensão, até se tornar advogado provisionado. A seguir, atribuladíssima, na perseguição dos que lhe cortaram o fio da felicidade.

Não se sabe de contacto seu com missionários no Ceará, nem portanto de influência de algum deles na sua vida. A afirmação em contrário é suposição destituída de base.

A última notícia a seu respeito, na cidade natal e no Ceará, é documentada: Certo processo civil movido contra ele em 1871, em Quixeramobim, e que propositadamente deixa correr à revelia. Já de há muito é devedor insolvente.

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