Tinha razão o Presidente da Província do Rio Grande do Norte. O juiz de Direito de Goianinha, a 31 de agosto de 1875, escrevia-lhe longa e explícita carta, dando-lhe conta do que então se passava. Iniciava o documento "sob a mais dolorosa impressão" e narrava "os tristes acontecimentos" que presenciara, dando, aqui e ali, a sua interpretação e posição político-social. Tudo fizera para libertar "do espírito do povo os preconceitos que o impelia aos seus já repetidos desatinos". Porém, "o povo apparentemente pacificado, a surdina se preparava a fim de que melhormente levasse a meta seu louco cometimento de por todos os meios evitar o alistamento". Haviam surgido boatos de que, na localidade chamada Várzea, os sediciosos reuniam-se e municiavam-se. Cenas de sangue não poderiam ser evitadas, dizia o juiz Antônio José de Amorim, "a menos que o governo, em vista do espírito dos sediciosos quizesse suspender a execução da lei, o que era de pessimas consequencias" (5) Nota do Autor.
A reação contra os pesos e as medidas tinha um fermento poderoso na execução da nova Lei de recrutamento. Novamente escrevendo ao Duque de Caxias, dizia o Presidente da Província do Rio Grande do Norte que o movimento sedicioso, que se manifestava nas Comarcas de São José e Canguaretama, apresentava-se "assustador", nesta última. É que no dia 16 de agosto, quando a junta paroquial reunida dava início aos seus trabalhos, um grupo de, aproximadamente, 400 pessoas, entre homens e mulheres, chefiado por Antônio Hilário Pereira, irrompera no local da reunião e ameaçara matar o juiz de Direito e todos os membros da Junta, se a Lei de recrutamento que denominavam "lei para captivar o povo", tivesse execução naquela freguesia.
Apavorados, os membros da junta adiaram a reunião, e, no dia seguinte, o alferes Ferreira de Oliveira, comandando aproximadamente 60 soldados, cumpriu a missão que lhe fora confiada, logo após a dissolução da junta paroquial: prendeu Antônio Hilário Pereira e mais quarenta sediciosos. Pereira e seus homens não haviam sido presos sem resistência. Quatro soldados do alferes Oliveira estavam feridos.
A prisão de Pereira não interrompeu a agitação. Prevendo novos conflitos, o juiz de Direito solicitara a presença imediata, em sua Comarca, do capitão João Paulo Martins Naninguer, comandante das forças em operação nas Comarcas de Canguaretama, São