porta da igreja "com grandes alaridos, dando foras a lei do Sorteio e vivas à soberania e a religião catholica sem que pudesse semelhante acontecimento ser obstado pelas autoridades, e antes continuando até a noite d'esse dia, em que o dito grupo incorporado com maior numero de individuos percorreu as ruas da cidade, precedido de música e foguetaria, repetidos vivas e discursos" (23) Nota do Autor.
A 2 de setembro de 1875, o Presidente da Província de Minas Gerais estava convicto que, nas agitações de sua terra, havia "um plano de opposições politicas alimentado pela ignorancia das massas populares, e tanto mais facil n'esta provincia onde é fora do comum o receio da vida militar". Pelo menos no que diz respeito à segunda parte de sua observação, tinha razão o Presidente. Ninguém se engajava em Minas, para servir na companhia de linha, e a convocação da Guarda Nacional reunira pouquíssima gente, ao contrário do que acontecia no Nordeste (24) Nota do Autor.
Fora muito intensa a atuação das mulheres mineiras nas agitações de Ponte Nova e Rio Turvo. Na primeira localidade, talvez tenham contado com uma certa cumplicidade ou, pelo menos, simpatia do juiz de paz, e com a declarada antipatia do promotor público, Ângelo da Mota Andrade, que chama de mulheres de duvidosa conduta a umas e prostitutas a outras. O padre João Paulo Maria de Brito mereceu-lhe também palavras muito duras e referências à sua atuação contra o Governo Imperial. O juiz municipal mandou prender o padre, convencido que estava da atuação subversiva do mesmo. A população de Ponte Nova não perdoou o seu promotor e incendiou-lhe a casa.
A agitação de Ponte Nova cresceu com a prisão do padre Brito, e compreende-se perfeitamente a ira impotente do promotor quando diz que o padre Brito "agora rebelou-se contra a lei da conscripção, fazendo d'isso alarde e ostentação na tribuna Sagrada, no altar, nas ruas e praças recusando não só fazer parte da Junta, sem motivo justo e confessavel, como prestar informações e certidões que lhe eram exigidas". Para o severo representante do ministério público, o padre Brito incitava as "mulheres desvairadas", e de toda agitação resultara o desprestígio da junta paroquial, deixando-se "um attestado da ignorancia e barbarismo em que ainda se acha o povo d'esta cidade de uma comarca onde residem funcionarios publicos de elevada posição" (25) Nota do Autor.