Quebra-quilos. Lutas sociais no outono do Império

que causava a atitude ameaçadora do povo do lugar e arredores, em número superior a seiscentas pessoas" (26) Nota do Autor.

Cenas mais ou menos semelhantes sucedem-se em Barcelos e Maraú. A atitude do Governo é sempre a mesma: envia soldados, instaura inquéritos e manda processar os cabeças.

A situação na Paraíba e no Rio Grande no Norte não era de tranquilidade. O Gabinete da Presidência da Província, a 4 de setembro de 1875, informara, contraditoriamente, ao Conselheiro do Estado, Duque de Caxias, que reinava a Lei na Paraíba, e que se executava a nova Lei de recrutamento, porém que as juntas paroquiais de alistamento funcionavam irregularmente, por falta de pessoal e de listas dos cidadãos aptos para o recrutamento. Aparece, nesse documento, a primeira referência à rebeldia paraibana, no que diz respeito ao alistamento, ao se dizer, em tom de desculpa, que, em geral, a população do interior rejeita o fazer-se alistar "de forma que o trabalho é incompleto". A comunicação dá conta, também, do que se passa em algumas Comarcas do Rio Grande do Norte onde "a resistência popular é muito grande, com sanguinários conflitos". Com uma promessa de que não se pouparia esforços para o restabelecimento da ordem, Carneiro da Cunha, pelo menos, admitia, com otimismo, que os meses seguintes seriam de tranquilidade.

As tensões que se formaram, efetivamente, avizinhavam sérios problemas ao Governo Provincial. Na recusa violenta das populações norte-rio-grandenses ao alistamento, não se poderia deixar de ver o efeito tardio da mecânica contestatória dos quebra-quilos.

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