Quebra-quilos. Lutas sociais no outono do Império

É nos rótulos de cigarros, porém, que se faz, na época, a crítica que maior público atinge. Os acontecimentos mais importantes da vida de então, inclusive os de natureza política, foram marcas, efêmeras ou duradouras, de cigarros. Observou Mauro Mota (4) Nota do Autor, ao publicar a valiosa coleção de rótulos antigos de cigarros, hoje pertencente ao Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, que "em raros aspectos da vida social da segunda metade do século passado, e dos primeiros anos deste século no Recife, o cigarro deixou de interferir, através de nomes, de retratos, caricaturas, legendas e críticas nos invólucros".

A importância do movimento Quebra-quilos atraiu natural e imediatamente a atenção dos fabricantes de cigarros, e os mais importantes como a Fábrica do Caboclo, na rua do Vigário Tenório n° 26, a Especial Fábrica de Cigarros de José Antônio Domingues de Figueiredo, na rua da Senzala Nova n° 12, a de Lourenço J. de Freitas, na rua Larga do Rosário n° 14, e duas outras fábricas que funcionavam na travessa do Apolo n° 1, e no Arco da Conceição, nos números 4 e 6, lançaram ao público as marcas "Pega os Quebra Kilos" e "Aos Quebra Kilos", sem preocupações com direito de marca, pois, dão diferentes fábricas o mesmo nome aos seus produtos. As litografias é que variam. No rótulo "Pega os Quebra Kilos", da Fábrica do Caboclo, aparece a figura de um homem com barbas, botas, casaco e cartola, tendo na mão um martelo, no qual se enrosca uma cobra. Destaca-se a sua figura de cenas secundárias, onde aparecem soldados marchando e quebra-quilos fugindo. Na parte superior direita, estão padrões de pesos e medidas. Os cigarros "Aos Quebra Kilos", da fábrica da rua Larga do Rosário, apresentam uma figura equestre galopando, em cuja cartola se lê a palavra "Kilo". Os cigarros "Aos Quebra Kilos", da fábrica de José Antônio Domingues de Figueiredo, apresentam, nos rótulos, um homem barrigudo, de botas e cartola, com grande porrete na mão direita, apontando com a esquerda um conjunto de pesos e medidas. Os produzidos na fábrica que se dizia instalada no Arco da Conceição, números quatro e seis, com o título "Pega os Quebra Kilos" ilustravam seus rótulos com a figura de um homem de botas e esporas, correndo, tendo na mão esquerda um padrão de líquidos e um peso, e, na outra, um porrete. Seu rosto é de espanto e pavor, e, na cartola, que está caindo ao chão, vê-se escrita a palavra "Kilo". Ao fundo, um quebra-quilo e um soldado batem-se

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