Quebra-quilos. Lutas sociais no outono do Império

em luta desigual, pois há nas proximidades mais cinco militares.

Comparando-se a fotografia de Henrique Pereira de Lucena (5) Nota do Autor, com os traços mais característicos do personagem que aparece em quase todos os rótulos, chega-se à evidência de que foi desejo de alguns desenhistas identificá-lo com o Presidente da Província de Pernambuco, na época do movimento Quebra-quilos. Os rótulos eram críticas com gravuras caricatas sobre a vida social e política. Lucena, como homem público, não escapou.

A imprensa liberal da Corte, a princípio, também se riu com os problemas do Presidente da Província de Pernambuco. Joaquim Serra, parodiando seus aflitos telegramas, publicaria na cáustica A Reforma: "Itambé, Itambi, Itambó e Itambu, acabam de ser bloqueados. (...) Três mil homens avançam. Levam a fogo pesos e medidas e dão pancadas sem pesos e sem medidas. (...) Queimam-se os arquivos. É preciso recompor o de Melo Morais".

Durante muito tempo, uma chita popular, estampada a preto e a vermelho, foi chamada de quebra-quilo (6) Nota do Autor. A designação está se perdendo. Em 1976, um extraordinário e fantástico personagem de Ariano Suassuna, Quaderna, nascido no litoral da Paraíba, quando a parte fêmea do Mar deu um pontapé no ventre de sua mãe, deu-nos a única visão mágica que temos do Quebra-quilos: no sertão paraibano, comandados por seu avô, El Rei Dom Pedro II e pelo seu primo, o infante Dom João Vieira, o Caixa Dágua, os sertanejos reuniram-se formigantes na Seria do Bodopitá, e, seguindo instruções secretas do padre Calixto da Nóbrega, desceram para Campina Grande, cuja feira invadiram, "sob o pretexto de protestar contra o novo sistema métrico decimal, decretado pelo governo herético do Impostor Bragantino, que ocupava indevidamente, no lugar dos Quadernas, o Trono do Império do Brasil" (7) Nota do Autor.

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