Mihináku: o drama da vida diária em uma aldeia do Alto Xingu

[Ver ilustração no original - Legenda: Figura 2. Topografia do Xingu.]

O ciclo das estações, no Xingu, é fixado pela alternância entre chuvas e secas. Quando as chuvas terminam, em maio, as roças são abertas e postas a secar. Durante os meses de seca restantes, a pesca é extremamente produtiva, visto que os peixes se concentram nos rios menos profundos e nos ribeirões. Em agosto e setembro, peixes em grandes quantidades ficam presos pelas águas que se estão escoando, e são facilmente apanhados pelos índios, que os entorpecem com um veneno vegetal (timbó, Paullinia pinnata).

Em setembro, logo antes do fim da estação das secas, faz-se a queimada. Em outubro, com o início das chuvas, plantam-se as roças de mandioca e milho. Esses são os meses de fartura no Xingu. Os peixes são abundantes e as frutas selvagens, em especial o pequi (Caryocar butyrosum) e a mangaba (Harcornia speciosa), amadurecem; tudo isso ajuda a enriquecer a habitualmente invariável dieta.

Em janeiro, a estação das chuvas atinge seu auge. Há pouca pesca e as frutas se acabam. Entretanto, o milho já pode ser colhido. Armazenado junto às vigas das casas, ele proporcionará aos

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