não pode ser cultivada. E, além disso, os mehináku não podem utilizar quase um terço da parte seca restante da floresta que rodeia sua comunidade, por causa das grandes colônias de formigas destruidoras (a saúva, Atta cephalotes). Muitas roças plantadas na periferia da área infestada foram completamente arrasadas por longas correições desses insetos destruidores. Talvez por isso é que a aldeia seja chamada "lugar de formiga saúva" (JalapapU), embora seus habitantes afirmem ter encontrado o mesmo problema em outros lugares.
Não é só a falta de terra apropriada que limita a produtividade da agricultura do Xingu. Além das invasões de formigas, pulgões, pragas de gafanhotos ou depredações de porcos selvagens podem liquidar a colheita. Essas calamidades não ocorrem com frequência, mas, combinadas às limitações próprias da agricultura de coivara, mantiveram pequenas e essencialmente não permanentes as antigas aldeias mehináku.
A pesquisa entre as tribos do alto Xingu
Atualmente, no alto Xingu há dez tribos; representam quatro grupos linguísticos: tribos de língua karib, que incluem os kuikúro, kalapálo, matipúhy e nahuakuá (que vivem com os matipúhy); os kamayurá e awetí que falam tupi; as tribos de língua aruák que incluem os mehináku, waurá e yawalapití; e os que falam trumái, representados somente pelos trumái.
Apesar das diferenças linguísticas, a cultura e a estrutura social de todos esses grupos são muito parecidas. Suas pequenas aldeias têm um certo número de casas de palha, alongadas e de extremidades em semicírculo, situadas em torno de uma praça central; no meio da praça fica a "casa dos homens". Todos os grupos têm um sistema de parentesco bilateral semelhante, casamento classificatório entre primos cruzados e evitação de parentes afins. Muitos dos mitos e padrões ornamentais são idênticos. Todas as tribos estão fortemente ligadas por casamentos intertribais, cerimoniais ligados à iniciação e à morte dos chefes e pela troca de produtos especializados. Há uma rica cultura intertribal que compreende embaixadores cerimoniais, protocolos e uma linguagem comum de cantos usada nos rituais.
Os índios do Xingu já foram objeto dos estudos de inúmeros antropólogos, incluindo os de von den Steinen (1885, 1940, 1942),