prolongar-se indefinidamente, dadas as condições do Tesouro. Juntado o desgosto produzido pela medida, como quer o douto Taunay, autor de exaustiva obra sobre a Missão Artística, além das saudades da terra natal e chamadas do mano François, convidando-o para auxiliá-lo nos rendosos trabalhos que obtivera na França.
Aderira o mais moço dos Debrets aos Bourbons, conduzido pelos mestres Percier e Fontaine, aquinhoado com valiosas encomendas, a que fazia jus por ser hábil arquiteto; estava, portanto, em condições de valer ao irmão. Aceito o convite, tratou Jean Baptiste do seu licenciamento da academia durante a viagem. O mano François, entrementes, recebera importantes encomendas, algumas diretamente relacionadas com a Corte das Teilharias, entre as quais a transferência do Teatro da Ópera — na época o principal divertimento dos parisienses para a sala Favart, motivada pelo assassínio do duque de Berry na porta da antiga sede na Rue de Richelieu, tornada dolorosa lembrança a Corte. Porém, a sala Favart era acanhada e imprópria ao fim, dantes ocupada por conjuntos de comédia, tendo a ópera de passar a outro edifício, no "square Louvois", cuja construção foi confiada a François Debret, bem-sucedido pela habilidade com que soube aproveitar a iluminação e ornatos do antigo recinto. O sucesso trouxe-lhe outra encomenda de vulto, concernente à basílica de St. Denis, necessitada de restauros após os estragos nela perpetrados pelos "sans-culottes", visto ser o Pantheon dos Bourbons. O templo fora devastado, os túmulos régios profanados, removidos a esmo os ossos num fosso defronte da igreja.
No Brasil, tornara-se incerto o destino dos missionários, exercido o poder por uma regência trina, composta de pessoas estranhas ao pintor. Mitigara-se-lhe, nos 15 anos decorridos no Brasil, o traumatismo padecido com a morte do filho, o travo da separação conjugal e a queda de Napoleão. Ademais, sentia-se satisfeito por ter obtido, em 1830, a láurea de entrar no Institut de France, elevado ao mesmo plano de Lebreton e Taunay, provavelmente por artes de François, prêmio justificado pelo trabalho de difundir a arte francesa no exterior.