O artista Debret e o Brasil

de 1794, solenemente recolhidos aos túmulos dispostos no templo. A atividade de Jean Baptiste e Prançois provocara furiosa oposição de competidores às mesmas funções, que arguiam os dois irmãos de serem mais materialistas do que artistas, errados no conserto da flecha da cobertura, tornada pesada demais para o conjunto da basílica, além de mais críticas, principalmente desferidas por Viollet Le Duc, pretendente a monopolizador do restauro de igrejas e castelos medievais, por sua vez mais tarde acoimado de excesso de imaginação, nociva ao caráter e estilo dos monumentos demasiadamente modificados.

Jean Baptiste, na sua correspondência com amigos do Rio de Janeiro, soube que o seu programa de 1827, concernente a ensino artístico no Brasil, finalmente entrara em vigor. Era o desfecho de longas lutas e contrariedades, chegando tarde, mas significando a consagração do esforço missionário. Os antigos concorrentes, que tantos aborrecimentos lhe tinham causado, aos poucos desapareciam. Morrera Henrique José da Silva, substituído na direção da academia por Félix Emílio Taunay, depois nomeado professor de francês e de desenho dos príncipes imperiais. Outro antigo tropeço dos missionários, o áulico incensador Rafael Soyé, também desaparecera, por sinal em lamentáveis condições. Sempre procurara proventos na Corte, mumbava dos ricos e poderosos, por ele considerados, no íntimo, tão só úteis a seus interesses. Especialista em panegíricos e mais processos lucrativos, penetrava no paço, e repartições à cata de propinas e cargos indevidos, onde de parceria com angariadores semelhantes, tentava prejudicar os que se esforçavam por melhorar o ambiente artístico da Corte. No reino, colaborara com os invasores e, depois da sua derrota, com eles se retirou para a França, porém, não tendo colhido frutos da duplicidade, voltou aos portugueses, aparecido um belo dia no Rio de Janeiro, fiado na conhecida indulgência de D. João VI e auxílio de antigos companheiros encontrados nos escaninhos das repartições. Mas duramente ia pagar os pecados. Doente, semiparalítico, sem meios de assediar personagens em outros tempos, desaparecida a velha Corte em que se movia entre

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