O artista Debret e o Brasil

membro do Clube dos Jacobinos; parceiro de Robespierre, Marat, Saint-Fargeau, Saint-Just e outros exaltados do pesadelo revolucionário chamado Terror. Apresentava projetos, organizava festas nacionais, dirigia as Belas-Artes e a premiação dos artistas, auxiliado pelo discípulo Wicar, indivíduo contencioso, perseguidor de pintores de sua aversão, cujos excessos foram muitas vezes atribuídos ao mestre. Por sinal, este prescindia de quem o excitasse contra desafetos, infenso à Academia de Pintura, por ele considerada monturo de mediocridades, ação algo devida pelo auxílio que dispensava a artistas em dificuldades, desprovidos como estavam da antiga clientela. O valimento de David entre os revolucionários garantia-lhes abrigo no Palácio do Louvre, representado num quadro de Boilly, pertencente à princesa Sanguszko, improvisado remanso de artistas junto da "ci-devant" régia residência das Teilharias. Não se descuidava, contudo, o protetor, a despeito das múltiplas ocupações, da própria arte, dedicando-se à enorme tela intitulada Serment du leu de Paume, a reunir as mais prestigiosas figuras revolucionárias do momento, obra que, pelas dimensões, permaneceu por terminar, interrompida por acontecimentos políticos.

Durante o fastígio dos jacobinos, estava David em constante contato com Jean Baptiste, espaço em que teve o mau gosto de desenhar um "croquis" de Maria Antonieta a caminho da guilhotina em uma carroça, com as mãos atadas e gorro frígio na cabeça, sob apupos da multidão. Insatisfeito, levou ainda consigo Debret para assistir, em primeiro plano, à execução de Luís XVI. Assassinado Marat, apressou-se David em representá-lo sangrando numa banheira, com o mesmo intuito demagógico que também aplicaria a outro quadro relativo a Saint-Fargeau morto por um dos seus guardas. Encarregou ainda o aluno Desvosge de gravar a cena trágica para melhor difundi-la entre o público, que não a salvou do olvido, destruída a pintura pela família do personagem homenageado, tal o horror que lhe inspirava, esvaído o esforço de se valer do acontecimento para sublimar a Revolução. Nesse sentido,

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