sobre o alto e o baixo Nilo. Este brilhante elemento da glorificação da era napoleônica fora perseguido durante a Revolução, salvo da guilhotina por David, que o apreciara na Academia de Belas-Artes, por julgá-lo diverso das supostas mediocridades ali reunidas. Possivelmente, dessa boa opinião originar-se-ia o cargo que recebeu de diretor-geral dos museus franceses e de reorganizador das coleções do Louvre, cujo nome fora mudado para Musée Napoléon, abastecido pela rapinagem de preciosidades artísticas, realizada por onde passassem exércitos republicanos, continuada pelos imperiais. Presidia igualmente Salons e orientava o setor decorativo de manufaturas do governo, atarefados o diretor e o pintor com a difusão da magnitude do soberano.
Nas ocupações, lembrava-se David de seus alunos, especialmente de Jean Baptiste, que passou das cenas da antiguidade às guerras de Bonaparte. Expôs Debret, no Salon de 1804, mais um quadro, a fim de justificar a rendosa incumbência, intitulado Napoléon rendant hommage au courage malheureux, hoje na galeria de Batalhas do Museu de Versalhes. Suas dimensões abrangiam quatro metros de altura por cinco de comprimento, apreciado com gerais encômios no Salon. O assunto salientava o generoso gesto de Napoleão, comandante das forças francesas na Itália, saudando um comboio de feridos austríacos, composição recebida apenas com algumas restrições do temível Arlequin au Museum, porém indulgente para o "ensemble" do quadro. Também sem muito rigor eram as observações das Lettres Impartiales sur les Expositions, que alegavam ter o pintor representado quatro cavaleiros, entre outros os generais Bessières e Lemarois, montados em três cavalos em vez de quatro, alegação sem procedência, pois um dos animais oculta com a cabeça o que está atrás dele. As pequenas nugas foram compensadas pelas apreciações do Journal du Publiciste, Revue Philosophique e, acima de todos, o Pausanias Français, que aconselhava aos pintores delineassem cuidadosamente "les douces vertus et les bienfaits consolateurs qui font d'un Prince les délices du monde", referência ao