FIM DO IMPÉRIO E DECLÍNIO DO NEOCLÁSSICO
Várias alterações iam se manifestar no meio de que dependiam as Belas-Artes, subvertidas as fontes animadoras dos artistas, mantidos pelo poder oficial. Nuvens negras adensavam-se sobre a França desde a resolução do imperador, que, depois de três noites sem dormir, decidiu envolver a Rússia com o mais formidável exército até então reunido no Ocidente. Todos os recursos do país foram concentrados no gigantesco plano, cujo insucesso precipitou o fim do Império. O desastre promovido pelo temerário confronto de Napoleão com o invencível general moscovita Inverno desabou como raio na escola davidiana de pintura e nos satélites de outras artes. Desabaram situações que pareciam intangíveis; personagens tidos por incomparáveis viram-se ofuscados; dirigentes perderam prestígio e meios de que antigamente desfrutavam. Na confusão decorrente, geradora de incertezas e ansiedades, Debret sentiu ânimo para comparecer ao Salon de 1814 com o quadro Andrômeda libertada por Perseu, apresentado em ambiente subvertido pela retirada da Rússia dos destroços das forças napoleônicas, seguida da derrota de Leipzig, invasão da França e, finalmente, Waterloo. A volta dos Bourbons golpeou mortalmente a escola davidiana, cujo corifeu teve de se exilar em Bruxelas, malvistos e perseguidos os arautos dos feitos napoleônicos, incluído Debret no rol.