controvérsias, nunca de todo evitáveis. Difícil equilibrismo neste fio de navalha; imagem do medieval Guilherme Occam tão do agrado gilbertiano: "É inútil fazer com mais o que se pode fazer com menos", pois "os entes não devem ser multiplicados sem necessidade..." E vamos parar, se não já estaremos falando demais, exatamente o que devemos evitar... Basta dizer que há muito de catarse autoanalítica nestas minhas análises de Gilberto Freyre, do seu senhorialismo, do seu intelectualismo, do seu cosmopolitismo, do seu telurismo. De nobis fabula narratur também implica De me fabula narratur... Mais de que para qualquer outro estudo, o biográfico requer introjeção, tentar sentir e tentar pensar como o outro, para ele deixar de ser mero objeto e aparecer recriado, vivo, palpitante, mesmo intelectualmente como neste caso. Por isso o último capítulo termina meio polêmico, após tantos documentos e tantas análises.

Após a morte, a maioria dos autores costuma entrar numa espécie de limbo, esquecimento das suas obras, às vezes e muito depois relembradas. Gilberto Freyre, que conheceu a fama em vida, não teve limbo: obra e personalidade sempre evocadas, mesmo em meio de ataques e defesas. Não se desperta tanta paixão por a caso.

Este livro, mesmo em sua unidade orgânica, não deixa de ser a continuação e a conclusão de outro da minha autoria, A Luz do Norte (1990) sobre a Segunda Escola do Recife, gilbertiana, prosseguindo em novos caminhos muito mais Sílvio Romero que Tobias Barreto. Destes, a Primeira, tratei em Da Escola do Recife ao Código Civil (1969), início de mais um itinerário de História das Ideias do Brasil.

A lista de agradecimentos, à Madalena, sempre na casa-grande da memória gilbertiana, na Fundação Joaquim Nabuco, a Fernando Alfredo, discípulo do pai e aluno meu na Faculdade de Direito do Recife onde sucedi, na mesma cátedra, o sucessor do seu avô, o Velho Freyre. Na Fundação foi mais uma vez exemplar na datilografia e revisão Dona Júlia Kumi Kaneyasu.

Agradecimento especial também cabe à colaboração do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), decisiva para minha extensa viagem aos Estados Unidos,