e grandioso, a despeito do curto espaço da sua atuação: unicamente os dois derradeiros anos da Monarquia. Isto me sugeriu o desejo de salientar separadamente as principais características do homem e do político naquilo que de mais e melhor efetuou: a promoção pela instauração de um novo regime. Assim se explica este despretensioso ensaio, como também pode-se considerá-lo de atualidade ainda para o momento que atravessamos.
Barbosa Lima Sobrinho, com a lucidez habitual e sua vasta cultura, soube muito bem compreender e situar Silva Jardim em sua época, pondo em destaque o que ele representou na história nacional, o que já foi proclamado, aliás, pelos seus próprios contemporâneos, não obstante os fatores negativos intrínsecos do Segundo Império, como a tardia Abolição, a Questão Religiosa, a Questão Militar etc., facilitando a sua obra.
Como se poderá verificar mais adiante, não projeto Silva Jardim isoladamente em meio aos acontecimentos efervescentes e às lutas em que se envolveu, porque, como adepto do materialismo histórico, procuro explicar sua ação como fruto da formação mental e da cultura adquirida desde os bancos acadêmicos, participando de organizações consideradas então subversivas, como a Maçonaria e a Bucha, em uma palavra, como fruto do tempo.
Para isso, apresento duas espécies de bibliografias: a primeira, referente aos sucessos econômicos, políticos e sociais ocorridos naquele período, e a segunda, concernente à sua personalidade e atuação, ambas conjugando-se admiravelmente para colimar o objetivo aqui perseguido: a constituição do impetuoso propagador da República entre nós. Com essa finalidade, reuni tudo o que me foi possível e me pareceu útil de autores conhecidos e consagrados, pouco divulgados, escassos, esgotados, mas sempre indispensáveis, pois, o próprio Silva Jardim permanece injustificada e inexplicavelmente marginalizado, lembrado tão somente como nome de ruas, sem que seus feitos, de tão grande significação, atinjam até pessoas medianamente cultas. Daí a necessidade que tive de recorrer aos bibliófilos, ao comércio de livros usados, depreciativamente apelidado "sebo", que presta, no entanto, relevantes serviços aos que buscam se informar do pretérito, inclusive os próximos, como no meu caso, contendo todos eles, indistintamente, contribuições preciosas e mencionadas, por isso, no fim, conquanto os aponte nos pés de página, para maior comodidade do leitor.