Perfil político de Silva Jardim

Alguns deles o conheciam, como a esposa do presidente do Conselho, que era tia de sua mulher, mas o evitavam. O único a dirigir-lhe a palavra foi o barão de Corumbá, procurando cientificar-se se iria ao Norte, ao que respondeu ter tomado passagem, apenas, até Pernambuco. O intuito de Silva Jardim era o de sitiar a campanha monarquista no Nordeste, particularmente Pernambuco, o centro daquela região, de modo que a encontrasse agitada. O príncipe parecia bastante inquieto, atropelando as pessoas na hora da despedida da família. Vestia costume simples, chapéu pequeno desabado, comunicando-se com dificuldade devido à sua conhecida surdez. Observando-o de perto, Silva Jardim não o achou antipático, parecendo-lhe até possuir ares de bom homem, não vislumbrando dentro, no entanto, nenhum estadista. Uma noite encontraram-se a sós no tombadilho, sem trocarem, entretanto, qualquer saudação, como descreveu em suas Viagens e Memórias, acrescentando que se o príncipe o cumprimentasse, como era dever pela sua superioridade social, corresponderia, e conversaria mesmo sobre política.

A chegada na Bahia foi a mais tumultuada possível, porque os monarquistas se prepararam convenientemente para receber tanto o conde d'Eu, quanto Silva Jardim, incumbindo-se deste a famosa "Guarda Negra", ocasionando choques entre monarquistas e republicanos, com início no cais, durando duas horas, resultando vários feridos no conflito, maiormente de republicanos. A "Guarda Negra", criada por João Alfredo, com negros libertos, no dizer de Rui Barbosa, nasceu adulta no mal e sequiosa de sangue, em que banhou suas primeiras armas na Capital do Império, aos 30 de dezembro de 1888 (7) Nota do Autor. Na ladeira do Taboão foram colocadas grandes carroças de lenha, que eram atiradas contra os republicanos. Os amigos de Silva Jardim defendiam-no ou escondiam-no nas casas, quando ocorriam choques mais violentos. Decidiram, entretanto, enfrentar a arruaça, quando apareceu o chefe de polícia, oferecendo-se para levá-los a bordo e, ao passarem pelos guardas, estes apresentaram armas, julgando tratar-se do conde d'Eu. Silva Jardim manteve-se calmo o tempo todo, com idêntica bravura demonstrada em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Os jornais verberam os acontecimentos delituosos, acoimando-os de barbaria

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