Perfil político de Silva Jardim

prometendo agir. Às três da madrugada, Ouro Preto telegrafa ao Imperador, em Petrópolis. No quartel-general estavam reunidos dois mil homens. Os conspiradores, mais adiantados, despertam Benjamin Constant e mandam avisar Deodoro. Benjamin segue para São Cristóvão, tomando a frente da Segunda Brigada, comandada por Silva Teles. Em pequeno discurso recomenda "que nos preparemos para vencer ou morrer, guardando sempre o último cartucho para estourarmos os miolos, em caso de derrota". Deodoro esquece os padecimentos, veste-se às pressas, indo, de carruagem, encontrar, no canal do Mangue, as tropas que desciam, assumindo o comando, sob entusiasmo geral. Frente ao quartel-general, Deodoro manda Silva Teles intimar à renúncia o gabinete Ouro Preto, que repele com energia, ordenando a Floriano a retirada de Deodoro. Trava-se então uma discussão áspera entre o primeiro-ministro e os militares, inclusive Floriano, que se nega a repelir Deodoro. Fora, as tropas, nesse ínterim, passavam para os revoltosos. Deodoro entra no quartel-general a cavalo, ordenando às tropas que prestassem continência e afastassem o trambolho de um canhão que encontrou na frente. Ouve-se nesse momento a banda tocar o hino nacional e a salva de 21 tiros de canhão. Desmonta e dirige-se a Ouro Preto, rodeado pelo seu estado-maior, profligando sua atitude contra o Exército, deixando extravasar suas mágoas, ordenando a prisão de Ouro Preto e Cândido de Oliveira, o ministro interino da Guerra. De volta, novamente montado, ao ressurgir na praça, o povo, já rodeando as forças armadas, aclama-o com vivos aplausos. Quintino Bocaiúva e Aristides Lobo, ponderam a Sólon que, estando o Imperador ausente e o governo acéfalo, não se devia perder tempo, proclamando-se a República. Sólon fala com Deodoro que, em seguida, levantando o quepe da cabeça, grita: Viva a República.

A tropa, tendo à frente Deodoro e Benjamin Constant, encaminha-se ao arsenal da Marinha, conseguindo sua adesão, desfilando, depois, pelas ruas centrais da cidade, sob aclamação geral do povo, vitoriando a República e Deodoro. Mais tarde, frente à Câmara Municipal, continuamente sob vibrante aclamação, a República é proclamada oficialmente, lavrando-se a respectiva ata, substituindo-se o velho estandarte do Império pela bandeira da República, retirada da casa de Lopes Trovão, que a mantinha hasteada na sua porta.

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