cargo secundário, aceitou-o, por acreditar no voto como forma de representação popular. Nem por isso, entretanto, poupou esforços para ajudar a consolidação do primeiro governo que se inaugurava. Assim, na noite de 21 de abril pronunciou longo discurso em sessão solene do Clube Tiradentes, do qual era presidente, em homenagem ao protomártir da Independência, onde se refletia o entusiasmo e o idealismo do propagandista, que não perdera sequer a vibração da campanha agora encerrada - menciona Barbosa Lima Sobrinho. Tiradentes fora um dos seus ídolos. Aproveitando a presença do chefe do Governo Provisório, dirigiu-se a ele como "Homem, Soldado, Chefe, Herói", lembrando "a tremenda responsabilidade que pesa sobre teus ombros", finalizando com esta exclamação: "General, sê forte, isto é, sê Governo! General, sê bom, isto é, sê povo! General, reconstrói a Pátria!"
A instauração da República inopinadamente despertou em seus autores a necessidade de legitimar a quartelada de 15 de novembro, através do pronunciamento das urnas, porque o Poder, pelo menos o legítimo, emana das urnas e não dos quartéis, e para obter tal consentimento popular é preciso uma eleição direta para o Congresso Constituinte. Ante isso, Deodoro da Fonseca, em 8 de fevereiro, com pouco mais de dois meses de exercício do poder, promulga o Regulamento e em junho seguinte estabelece as condições de elegibilidade do Congresso Constituinte, segundo as quais ninguém é vetado, nem mesmo por motivo de serviços prestados à Monarquia ou de responsabilidade definida no regime deposto. De junho a setembro compõem-se as chapas e, como seria curial, no Rio de Janeiro tal função caberia ao Partido Republicano, estruturado ainda na fase da propaganda, em novembro de 1888, com representantes fluminenses reunidos no Clube Tiradentes, com Silva Jardim na presidência, secretariado por Alberto Torres, tendo como membros Francisco Portela, Virgílio Pessoa, Teófilo de Almeida e Santos Werneck. Silva Jardim não podia deixar de ser considerado chefe da política republicana fluminense, já que Quintino Bocaiúva optara pela área federal. Apesar disso, no entanto, para a chefia do Poder Executivo do seu Estado natal, a preferência recaiu em Francisco Portela, nascido no Piauí, porém militando no Rio de Janeiro.
Portela, médico de longas barbas brancas, decidira-se pela República em 1872, fundando, em Campos, onde clinicava, o jornal A República, embora oscilasse também para o liberalismo, em momentos reformistas. Contudo, em 1888, figura entre os dirigentes