A Revolta dos Marinheiros, 1910

como objetivo acabar com os castigos corporais na Marinha. Ameaçavam, caso não fossem atendidos, o bombardeio da cidade.

Com aprovação do Chefe do Governo, o Ministro respondeu imediatamente aos marinheiros:

"O Ministro da Marinha, em nome do Presidente da República, declara que reclamações, quando justas e baseadas na lei, só podem ser atendidas quando feitas com subordinação e respeito aos poderes constituídos."

Em novo telegrama, os amotinados insistiram:

"Não queremos a volta da chibata. Isso pedimos ao Presidente da República e ao Ministro da Marinha. Queremos a resposta já e já. Caso não tenhamos, bombardearemos a cidade e os navios não revoltados. Guarnições do "Minas Gerais", "São Paulo" e "Bahia"."

Os navios sublevados pertenciam à Esquadra que, mandada construir na Inglaterra, em 1906, recém-chegara ao Brasil. O "Minas Gerais" e o "São Paulo" eram considerados, como seu protótipo, o inglês "Dreadnought", as belonaves mais modernas e poderosas que existiam. Velozes, com espessas couraças e artilharia principal constituída por 12 canhões de 305mm, distribuídos em seis torres, mais 22 canhões de 120mm e oito de 47mm como armamento secundário. O "Bahia"(*) Nota do Autor era o que se chamava scout, um cruzador-ligeiro, próprio para esclarecimento e apoio de artilharia aos ataques torpédicos dos destroyers ou, hoje, contratorpedeiros, sendo armado com dez canhões de 120mm, seis de 47mm e dois tubos lança-torpedos, desenvolvendo a velocidade, alta para a época, de 27 nós.

O "Minas Gerais" largara de Newcastle-on-Tyne, depois de sua prontificação, a 4 de fevereiro de 1910, rumando para Hampton Roads, nos Estados Unidos, de onde partiu escoltando o Encouraçado norte-americano "North Caroline", que transportava para o Brasil os restos mortais do Embaixador Joaquim Nabuco, falecido naquele país. Chegou ao porto americano após tocar em Plymouth e em São Miguel, nos Açores, a 4 de março. Daí suspendeu a 17, entrando no Rio de Janeiro a 17 de abril.

O "São Paulo", entregue ao Governo brasileiro, largou de Greenock, na Inglaterra, a 16 de setembro de 1910, indo a Cherburgo,

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