A Revolta dos Marinheiros, 1910

públicos no afã patriótico de reparar os danos incalculáveis morais e materiais que ela havia semeado, quando foram em nove de dezembro seguinte surpreendidos com um novo levante, que desta vez partia da Ilha das Cobras e do Cruzador "Rio Grande do Sul". A impressão que os dois lamentáveis acontecimentos deixaram no espírito público foi tão profunda e duradoura, tão intensamente lhes sentimos ainda hoje as graves consequências, que escusado se torna rememorá-las. Ao primeiro, sobre o qual lançou o Congresso Nacional o véu da anistia, aqui se alude apenas para estabelecer a filiação do segundo que dele foi indiscutivelmente uma consequência. Quanto à natureza dos fatos criminosos e o espírito de indisciplina que os ditou, se o objetivo colimado pelos rebeldes e o breve intervalo que separou os dois acontecimentos não bastassem, aí estaria para vinculá-los a simpatia com que os autores do primeiro levante acolheram a notícia do segundo. Dentre as dificuldades com que teve então de arcar a autoridade pública empenhada no restabelecimento da ordem, nenhuma foi por certo maior do que a que resultava da atitude assumida pelas tripulações dos outros vasos de guerra, em franca indisciplina, auxiliando assim mais ou menos diretamente, porém de modo eficaz, o movimento sedicioso. Para o processo e julgamento do fato principal foi já constituído o Conselho que está apurando as devidas responsabilidades. O Conselho de Investigação nomeado para apreciar separadamente aquela situação, coligindo os elementos de prova que permitissem ajuizar da participação que tiveram neste sucesso e no concurso que prestaram os marinheiros que não pertenciam às guarnições daquela ilha e do cruzador já referido, discriminando-lhes as responsabilidades, concluiu o seu trabalho, que vai servir de base ao procedimento do presente Conselho de Guerra, pela pronúncia dos seguintes indiciados, marinheiros e foguistas: Primeira-classe, da quarta companhia, número oitenta e cinco, João Cândido; Segunda-classe Quintino da Rocha Cardoso; Primeira-classe, número vinte e sete, da oitava companhia, Augusto de Miranda Albuquerque; quadragésima sexta companhia, Primeira-classe, número sessenta e seis, Vitorino Nicássio de Oliveira; décima primeira companhia, número dezenove, Cabo Francisco Theodoro de Almeida; décima primeira companhia, número dezoito, Cabo Manoel Francisco das Chagas; nona companhia, número sessenta e dito, Grumete Ernesto Roberto dos Santos; décima sétima companhia, número seis, Grumete Nelson Francisco dos Santos; décima oitava companhia, número oito,

A Revolta dos Marinheiros, 1910 - Página 236 - Thumb Visualização
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