A nós tal tentame não é permitido.
Limitamos, por isso, a nossa interferência aos capítulos iniciais, onde indicamos, em notas ao pé da página, retificações que mais certas se impunham, dando os correspondentes tupis onde aparecem formas guaranis, brasilianas ou nheengatus.
Pensamos prestar assim um serviço aos estudiosos ainda pouco familiarizados com a matéria.
No Vocabulário, com exceção de alguns poucos casos, não fizemos reparos, contentando-nos com reportar o consulente à primeira parte, para aqueles termos onde ali aventamos alguma restrição.
Haveria tantos retoques a fazer para tupinizar todos os étimos, ou justificar a presença de formas afins, tantas interpretações novas a inserir, que uma revisão conscienciosa, baseada no material acumulado depois da morte do saudoso mestre, corresponderia a refundir a obra
Não é esse o desígnio dos que promoveram a presente edição comemorativa do primeiro centenário do nascimento de Teodoro Sampaio. É cedo ainda para empreendimento de tão espinhosa e vasta envergadura.
Convém acentuado que por tupi entendemos exclusivamente a língua dos tupis, como a registraram os jesuítas nos séculos XVI e XVII.
Ao lado dessa língua policiada desenvolveu-se uma fala popular, deturpada pela ignorância e os vícios de pronúncia dos mestiços e alienígenas, que devia diferir ainda um pouco de sul a norte.
Da modalidade setentrional setecentista desse dialeto possuímos o Dicionário Português e Brasiliano, a que tanto recorreu Teodoro Sampaio.
Que nos impede de dar a esse tupi mestiço o nome de brasiliano do dicionário que no-lo transmitiu?
Ao descendente amazônico do brasiliano conservamos o eufemismo usual de nheengatu.
Quando nos referimos ao guarani, entendemos o linguajar antigo, de Montoya, Restivo e companheiros, a não ser que indiquemos especialmente o alcance do termo.
Insistimos nessa nomenclação discriminante, porque agora, com a inclusão do tupi em nossos estudos universitários, já é tempo de pôr à margem os cômodos genéricos, refúgio de amadores ocasionais, para situar, tanto quanto possível, toda forma dialetal em seu justo lugar e individualizar cada ramo de um tronco linguístico com denominação privativa.
Ao raiar deste século, no meio em que vivia, na situação em que se achavam os estudos tupis, pela falta do dicionário primitivo, Teodoro Sampaio ainda podia falar de tupi e citar exemplos guaranis, brasilianos ou nheengatus. A nós, que vivemos 50 anos depois, em meio a todos