os recursos básicos, tais licenças estão vedadas, se não quisermos resvalar do terreno científico para o da mera charlatanice.
Não julgamos fora de propósito incluir num livro, que por muito tempo ainda será clássico, umas ligeiras notas cronológicas do indianismo, principalmente dos estudos linguísticos em nossa literatura e do ambiente em que nasceu O Tupi na Geografia Nacional.
Elas completarão de certo modo os capítulos introdutórios do livro, explicarão a origem de certas incongruências e a razão do seu título.
Quanto às anotações, pedimos vênia para frisar que elas visam muito mais orientar, de início, os passos dos nossos estudiosos, atualizar, em alguns pontos, um livro muito consultado, do que pôr a nu os seus senões. Seria inconcebível o querermos culpar o autor pelo desconhecimento de material básico, que só depois da sua morte veio a lume. No mais, como já dissemos, ninguém escapa à influência do meio.
Para evitar confusão entre as notas primitivas do autor e as nossas, assinalamos aquelas por meio de letras ao invés de números.
Mantivemos nas notas a grafia dos vocábulos indígenas observada em nosso Tupi e Guaranis, com exceção do fonema s (= ss) que representamos, no meio das palavras, por c e ç.
Portanto:
î é o i semivogal ou a segunda parte de ditongo decrescente;
û o u semivogal ou a segunda parte de ditongo decrescente;
y o i gutural peculiar aos dialetos tupi-guaranis e
ë o y tupi atônico.
e e o pronunciam-se fechados;
g, também escrito gh, é sempre a dorso-velar oclusiva sonora, como na palavra portuguêsa gato;
j corresponde ao j português e
x ao ch português.
Somos informados que Teodoro Sampaio deixou um exemplar da última edição com certo número de correções, principalmente de erros tipográficos. Infelizmente, tal exemplar não está ao alcance do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Mesmo assim corrigimos diversos erros de composição, que não figuram na Errata.
Há mais de cinco lustros instamos o autor de público a apressar a terceira edição de O Tupi na Geografia Nacional. - Seja a quarta uma pequena homenagem ao grande mestre, cuja perspicácia criou, com poucos recursos, uma obra duradoira e deu novo alento a uma disciplina que tão intimamente se entretece com o nosso passado.
Cidade do Salvador, janeiro de 1955.
FREDERICO G. EDELWEISS.