As invernadas paulistas objetivam, justamente, alimentar esse gado, que ali chega magro e enfraquecido.
A atividade agrícola, na região, está intimamente subordinada às áreas de mata. Como estas, porém, ocupam extensões restritas, aquela não possui grande expressão na economia regional. Atualmente, as zonas agrícolas mais importantes localizam-se nas áreas de ocorrência de "terra roxa" do Triângulo Mineiro, na zona cristalina do chamado "Mato Grosso de Goiás" e no sul de Mato Grosso. O cultivo do arroz e do café é relativamente importante nas duas primeiras zonas, enquanto que, na terceira, predomina o cultivo da erva-mate. O sul de Mato Grosso, embora seja uma região já bastante antiga, só agora começa a ser atingido pela expansão do povoamento oriundo das áreas cafeeiras do norte do Paraná e de São Paulo. Fornece-nos o exemplo de uma zona de povoamento antigo a se transformar numa zona pioneira.
A economia agrícola do Brasil Central, e preciso que se diga, não enfrenta apenas um problema de escassez de bons solos agrícolas. A fragilidade que apresenta resulta, em grande parte, da localização da região em relação aos grandes mercados nacionais e às deficiências dos transportes, e por consequência das suas relações com esses mercados. O contingente humano que possui não oferece, por seu número e por seu padrão de vida, um mercado capaz de alimentar uma produção agrícola maior do que a atual.
Ao lado da atividade pastoril e agrícola, merecem destaque as de mineração e garimpagem, realizadas em diferentes pontos da região. Excetuada a indústria extrativa do cristal de rocha, que teve certa importância em Goiás, as demais são atividades que apresentam mais um cunho de aventura do que o de uma modalidade de vida econômica.
A região de economia pastoril e agrícola do Brasil Central constitui uma das áreas potenciais do país e começa a ser atingida por vagas sucessivas de povoamento. O extraordinário desenvolvimento de Goiânia, a construção de Brasília, as grandes obras hidrelétricas em curso no rio Paraná, as ligações ferroviárias e rodoviárias dessa região aos diferentes pontos do país, propiciar-lhe-ão condições para o progresso. O êxito desse progresso, entretanto, particularmente no setor agrícola e pastoril, dependerá de técnicas adequadas ao manejo da terra e à melhoria dos rebanhos e das pastagens.
Observações finais
O presente esboço de delimitação das regiões geoeconômicas do Brasil foi escrito ao findar-se a década de 1950/60. Num país em processo de desenvolvimento, como o nosso, as alterações operadas nestes últimos anos, em algumas de suas regiões, foram substanciais. Muitas das afirmações, portanto, para as diferentes regiões do país, estão em parte superadas. No conjunto, porém, cremos que os critérios adotados para a definição e delimitação de cada uma das regiões geoeconômicas permanecem válidos, assim como válidas permanecem as linhas gerais que caracterizam os tipos e as linhas de desenvolvimento das atividades econômicas regionais aqui esboçadas.
Queremos nesta oportunidade chamar a atenção dos leitores para a distinção que procuramos estabelecer entre a noção de região econômica e a de região geoeconômica. Esta última se define em função das possibilidades que determinado meio geográfico oferece ao homem, enquanto que aquela é, antes de tudo, uma criação do homem. Podemos falar de uma região econômica de São Paulo, do Rio, de Recife ou de Belém. Neste caso estamos raciocinando em termos de mercados e, em consequência, de relações comerciais. Uma região econômica, portanto, abrange normalmente duas ou mais regiões geoeconômicas. Só ocasionalmente uma região econômica coincide com uma região geoeconômica, e este é o caso da Amazônia, cujos centros de polarização localizam-se em Belém e Manaus.