qual corre do sul. Essa terra alta, que parece ser a continuação dos tabuleiros do Brasil central, estende-se quase sem interrupção pela margem direita do rio até sua embocadura, em Santarém. O cenário, como o solo, a vegetação e os representantes da fauna dessa região são muito diferentes dos da terra baixa e uniforme que margeia o Amazonas na maior parte do seu curso. Depois de uma viagem de semanas e semanas pelo rio principal, o aspecto de Santarém, com sua ampla baía arenosa, límpidas águas verde-escuras e linha de pitorescas montanhas que se erguem acima da orla da inata verde, provoca uma agradável surpresa. No Amazonas a vista é monótona, a não ser que a embarcação navegue perto da praia, onde a maravilhosa diversidade e beleza da vegetação causam perene enlevo. De outro modo a corrente monótona, larga, amarela, e a linha baixa e distante da floresta, que se reduz no horizonte longínquo a uma linha quebrada de árvores e se repete dias a fio, esgota por sua uniformidade.
Cheguei a Santarém, na minha segunda viagem, pelo interior, em novembro de 1851 e aí estabeleci meu centro de trabalho por um período de três anos e meio. Durante esse tempo, prosseguindo o plano que me traçara, fiz muitas excursões ao Tapajós e outros lugares interessantes das regiões circunvizinhas. Ao desembarcar, não tive dificuldade em alugar uma casa no subúrbio, aprazivelmente situada perto do porto, no caminho da aldeia, ou parte indígena da cidade. O terreno era em declive, da casa até à praia e minha varanda, pouco elevada dava para belo jardim florido, o que era grande raridade no lugar, e de propriedade dos vizinhos. A casa tinha apenas três compartimentos, um ladrilhado e dois assoalhados. Era bem construída como as melhores casas de Santarém, e tinha a frente rebocada. A cozinha, como é costume aí, estava situada fora de casa,