uma classe mais numerosa que em outros centros, e têm grandes pretensões à civilização; são negociantes e merceeiros da praça, senhores de escravos, donos de fazendas de gado e de plantações de cacau. Entre os principais residentes devem ser igualmente mencionadas as autoridades civis e militares, que são gente inteligente e de boas famílias de outras províncias. Poucos índios vivem na cidade; esta é muito civilizada para eles, e a classe inferior é constituída (além de alguns escravos) de mestiços, em cuja composição predomina o sangue negro. A gente de cor também exerce os vários ofícios; a cidade comporta dois ourives, que são mulatos, cada qual com vários aprendizes; os ferreiros são principalmente índios, como se observa geralmente em toda a província. As maneiras da classe superior (copiadas do Pará) são muito afetadas e formalistas, e a ausência da cordial hospitalidade, encontrada em outras localidades, produz a princípio desagradável impressão. Observa-se muita cerimônia nas relações da gente mais elevada, tanto uns com os outros como com os estrangeiros. O melhor aposento de cada casa é reservado para as recepções, e as visitas devem apresentar-se de roupa preta, sem tomar em consideração o furioso calor que reina nas ruas de Santarém ao meio-dia, que é a hora habitual das visitas. Na sala há um sofá e cadeiras de vime, laqueadas e douradas, dispostas em quadro. Convidam as visitas a sentarem-se aí, enquanto se trocam cumprimentos ou se tratam os negócios. Ao despedir-se, o dono da casa conduz a visita com repetidas curvaturas, que acabam na porta da rua. Essa classe não tem o hábito de fumar, mas todos tomam rapé, que é guardado em bocetas de prata e de ouro, de grande luxo. Todos os homens de posição e a maioria das senhoras usam relógios e correntes de ouro. Não são frequentes as reuniões sociais; os homens mais importantes