O naturalista no Rio Amazonas - T2

casas e oficinas à beira destas estradas. As nobres árvores da floresta tinham sido cortadas, e seus troncos despidos, meio queimados, jaziam entre ramos partidos, poças de lama e cinzas. Fui obrigado a alugar um negrinho para mostrar-me o caminho para meu sítio favorito perto de Una, e que já descrevi no segundo capítulo desta narrativa; as novas derrubadas tinham quase obliterado as velhas estradas da mata. Só algumas jeiras da floresta gloriosa perto de Una tinham permanecido em seu estado natural. Do outro lado da cidade, perto da velha estrada para os moinhos de arroz, havia várias dezenas de lenhadores, a serviço do governo, cortando larga estrada de rodagem, através da mata, para o Maranhão, capital da província vizinha, a uma distância de 250 milhas do Pará, e isto havia destruído completamente a solitude da grande floresta antiga. Dentro de poucos anos, porém, novo crescimento de trepadeiras cobrirá os troncos nus na beira desta nova estrada, e os arbustos luxuriantes formarão nova fímbria verde ao caminho e a nova estrada se tornará tão bela como a antiga. Um naturalista precisará então ir muito mais longe da cidade para encontrar o glorioso cenário da mata, que estava tão perto em 1848, e terá que trabalhar muito mais afanosamente do que antes era preciso, para fazer as grandes coleções que Mr. Wallace e eu conseguimos fazer nos arredores do Pará.

Dois de junho de 1859 - Afinal, a dois de junho, deixei o Pará, provavelmente para sempre. Embarquei em navio mercante norte-americano, o "Frederick Demming", para Nova York, pois o caminho pelos Estados Unidos era muito mais rápido e o meio mais agradável de alcançar a Inglaterra. Minhas vastas coleções privadas foram divididas em três porções e enviadas por três navios diferentes, para diminuir os riscos de uma

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