No Brasil, e principalmente nestes últimos anos, é decisiva a prova dos fatos contra a administração oficial direta.
Por isso, defendemos em nosso caso a fórmula: propriedade do Estado; tráfego arrendado.
Assim tem sido feito relativamente a muitas vias férreas federais. Mas as clientelas políticas, interesses eleitorais, a incapacidade de resistência ingênita das coletividades (e governos, e mais ainda parlamentos, não são outra coisa), têm combatido a generalizacão da medida salvadora. O argumento, espectro a bracejar mortalhas, é a revolta dos empregados ferroviários. Central, Noroeste, Oeste de Minas, rede Sul-Mineira, Sorocabana, declarariam a greve geral e provocariam a revolução com o súbito e combinado desencadear da cessação dos transportes.
Admita-se que assim aconteça. Qual o governo, digno desse nome, que, colocado entre o interesse de uma classe e o da comunhão, ouse hesitar na escolha?
Infundada, porém, é a hipótese. A medida não precisa ser tomada "contra" os nossos chemineaux. Deve ser posta em prática, com a garantia integral de todas as suas vantagens e prerrogativas atuais. Onde, nesse programa conservador, uma sombra de ameaça sequer, à situação adquirida por esses excelentes colaboradores da economia pública?
É possível a realização desse anhelo. Autonomias, conversão em sociedade anônima, são paliativos sem eficácia. Prova-o, sem discussão possível, o "Lloyd Brasileiro". A solução organizadora é o arrendamento, com as garantias ao pessoal, e as precauções para assegurar as relações recíprocas do poder público e do arrendatário.