Problemas de Administração

Dei uma última prova de respeito à sua memória, nomeando seu ajudante de confiança, o subdiretor do tráfego Muller dos Reis, para um dos lugares da diretoria. Foi um grave erro meu, do qual me acuso e me penitencio. Minha desculpa está em que acreditava na honestidade de Dourado e do seu auxiliar; sabia que o substituto era trabalhador e respeitado por seus subordinados.

Pouco após, verifiquei quanto havia sido iludido e meu maior empenho constituiu em reparar a falta, filha de minha boa-fé.

De fato, tive ocasião de certificar-me que Dourado, para aconselhar diretamente ao Snr. Presidente da República a concessão de favores à Cia. Costeira, além dos que tinha o próprio Lloyd quando empresa particular, recebera 200 contos de réis. Assim foi expedido, antes de minha entrada para o Ministério da Fazenda, o Decreto de pseudoequiparacão cuja desistência obtive depois, quando Ministro, com grande esforço vencendo inacreditáveis resistências mas que a Costeira hoje procura fazer reviver, seguindo seus processos costumeiros de suborno.

Verifiquei depois, sem poder colher prova jurídica plena, contudo, que comandantes de navios, comissários de bordo, pessoal de contabilidade do Lloyd agiam combinadamente no sentido de efetuar gratuitamente transportes para determinadas casas que lhes distribuíam gratificações. Sonegavam renda cobrada a bordo. Negociavam por conta própria, sem pagarem fretes. E a diretoria comercial acobertava tudo, partilhando lucros, por vezes. Comissões ilícitas; propinas por transportes preferenciais; informações tendenciosas, generosamente remuneradas tudo me foi sendo objeto de observação. Culminava o assalto contra a receita do Lloyd na pessoa do novo diretor comercial e este, receoso da fiscalização,

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