"Passando de uma civilização a outra, ou percorrendo as fases sucessivas de uma mesma civilização, afirma ele na Philosophie pénale, vemos certos fatos cair da categoria dos grandes crimes na dos delitos mais pequenos e tornar-se por fim lícitos senão louváveis; por exemplo, da idade média até hoje, o livre pensamento religioso, a blasfêmia, a vagabundagem, o furto de caça, o contrabando, o adultério, a sodomia: ou o inverso, de lícitos, de louváveis que eram, passar a ligeiramente delituosos e depois a criminosos; por exemplo, da antiguidade à idade média, o aborto, o infanticídio, a pederastia, a fornicação.
"Este duplo movimento de transformação que consiste nas qualificações diferentes de um mesmo fato ora permitido, ora punido, se opera sob a ação da lógica inconsciente que preside a todas as transformações da sociedade e que, tende a pôr de acordo as crenças com as necessidades, as crenças e as necessidades com os atos."