América e, um pouco mais tarde, a da Austrália —, foi com a série das longas navegações, que chamou a atenção a existência de uma fauna e de uma flora bem diversas das descritas por Aristóteles. Era tão grande a diferença, quase diria o contraste, que Colombo, "aventureiro mais preocupado em conquistar com a ponta da sua espada o ouro e produções naturais de valor comercial que de enriquecer as ciências com suas descobertas", como diz Trouessart, escreve no diário de sua primeira viagem (1910-1492): "Meus olhos não se cansam de contemplar esta vegetação tão bela e estas folhagens tão diversas das de nossas plantas... As flores e as árvores derramavam tão suave perfume, que respirávamos o ar com delícias". E mais tarde, na terceira viagem, chegando ao continente (ainda tomado por uma ilha) disse: "Há nesta ilha animais de todos os tamanhos e bem diferentes dos que se veem em nossos climas".
A Historia Naturalis Brasiliae de Marcgraav, e o Tratado Descritivo do Brasil de Gabriel Soares são excelentes repositórios, e os mais importantes pródromos de biogeografia. Cabe, porém, a Buffon (1749) ter mostrado toda a importância da distribuição geográfica dos animais. Assim, escreve de: "O animal da América, que os europeus chamaram leão e que os naturais do Peru chamam puma, (1)Nota do Autor não tem crinas; é também menor, mais fraco e mais poltrão que o verdadeiro leão. Não é um leão; é um animal particular da América, como o são igualmente quase todos os animais do Novo Mundo".
Nos Suplementos de sua História Natural, volta o sábio francês à mesma questão de modo mais preciso e incisivo: "Nenhum dos animais próprios e