neste ou naquele ponto de vista doutrinário por ser o mais moderno e sim por ser o mais justo. Começou por conhecer a realidade, por estudar os fatos, por observar pessoalmente o fenômeno amazônico, em longos anos de contato quotidiano com ele. E só depois é que começou a sua educação sociológica. Não foi à busca de fatos que corroborassem as suas teorias. Ao contrário, adotou a teoria que mais lhe pareceu explicar os fatos que previamente observara. Essa, sem dúvida, é outra das qualidades reais deste trabalho, dos mais interessantes estudos sociais que tenho lido sobre o Brasil, em um dos aspectos mais originais de sua civilização.
A ordem de disposição da matéria não corresponde, portanto, à ordem de preparação interior do livro. Começou como todo trabalho realmente científico, por observar os fatos para chegar às conclusões normativas, perfeitamente justificáveis em um trabalho de ciência social. Em sua obra, porém, começa por estudar teoricamente, em dois capítulos aliás magistrais, o problema do meio e o da raça, mostrando neles o ponto de vista em que se deve colocar uma compreensão verdadeiramente ampla desses dois problemas fundamentais da geografia humana, contra a posição limitada e unilateral do naturalismo sociológico, que simplifica e hipertrofia a ação sociológica e histórica de cada um desses dois fatores, em conjunto ou separadamente.