as formações hidrófilas implantaram o seu paraíso.
É o "Reino das Náiades", personificações dionisíacas com que o panteísmo de Martius, numa evocação mitológica, batizou as espécies primaciais da flora amazônica, para dar à natureza selvática o perfume suave dos mitos helenos, com as criações fabulosas, filhas de Zeus, moradoras nas florestas magníficas; ninfas de beleza resplandecente a brilhar no espelho dos lagos e das fontes, que repousam nas campinas verdejantes ou deslizam na corrente murmurosa dos regatos, correndo por sobre leitos de rochedos.
São as matas virgens típicas dos grandes vales, nas quais preponderam as hidrófilas, em excessiva riqueza de espécies vegetais, formando os bosques sombrios, soturnos, cheios de silêncio e de mistério, nos terrenos alagadiços e brejosos. A vegetação entrelaçada é aí tão bastamente densa, que arma contra o homem uma trincheira dificilmente expugnável. O copado do arvoredo é compacto pelo emaranhamento dos ramos de umas às outras árvores. As lianas inumeráveis, sarmentosas ou trepadeiras, reforçam esse tecido dos bosques. Tais cipós, de caules às vezes extremamente