Amazônia - a terra e o homem

O homem só, escoteiro, sem guia; sem saúde nem cultura; sem defesa nem proteção; sem preparo nem prévio trabalho adaptativo, o homem do Amazonas campeia naqueles cenários como um gigante, inconsciente de sua bravura, a afrontar, e a vencer, a natureza hostil e agressiva.

Foi o violador de um mistério geográfico; foi o desvirginador dessas matas sombrias; foi o decifrador do enigma em que a natureza dissimulou os riscos mais temíveis sob a aparência imponente da mais fascinadora obra da criação.

Assim, pois, define-se a justaposição dos contrastes: a natureza primitiva da planície amazônica, pelo encanto lendário das suas selvas e aparato oceânico de suas águas fluviais, tem sido motivo estético fartamente explorado pelos versadores da apressada e infiel literatura de viagens. É uma divindade ante cujo altar todos os turibulários reverentes se inclinam, ungidos de contrição quase religiosa.

O homem do Amazonas traz o estigma aviltador que o obscurece na qualificação etnológica brasileira. É um anatematizado: indigno da grandeza da terra que lhe coube. Assinala-se,

Amazônia - a terra e o homem - Página 97 - Thumb Visualização
Formato
Texto