uma leve inclinação de cabeça, às saudações que lhes eram dirigidas.
No dia seguinte o cura esteve muito ocupado, confessou uma multidão de lavradores residentes na paróquia, mas que moravam a várias jornadas da povoação. Esta gente não vinha aí a não ser uma vez por ano, e para confessar-se e assistir à Páscoa aproveitavam a oportunidade das festas de Pentecostes, que se celebram, no Brasil, com grande júbilo e muita solenidade. Poderia pôr-me em marcha logo depois da chegada, mas estava a tanto tempo privado do prazer de conversar com um homem instruído, que me decidi a prolongar a estada em Santa Luzia para gozar da companhia do cura. O sr. João Teixeira Alvares entendia latim, francês, italiano e espanhol; conhecia a maioria dos nossos bons autores do século de Luis XIV e possuía uma biblioteca seleta de várias centenas de volumes, o que, nesse país, era uma grande raridade. Não só possuia conhecimentos, era bom e amável, como também, constituía, no clero brasileiro, uma notável exceção; estava compenetrado do verdadeiro espírito dos seus deveres. Costumava fazer pregação todos os domingos; procurava, principalmente, inspirar aos seus paroquianas o amor ao trabalho e usava de toda e influência para determiná-los a abandonar suas práticas viciosas de agricultura. Um missionário capuchinho, do qual adiante falarei, passara algum tempo antes de mim por Santa Luzia. O pároco retivera-o três meses em sua casa; confiara-lhe uma missão, e o encarregara de pregar especialmente contra a ociosidade. O missionário identificou-se com os propósitos do pastor; agradara imensamente aos habitantes do país, e lhes transmitira várias ideias úteis sobre o cultivo das terras e algumas artes indispensáveis. Os trabalhos apostólicos do sr. João Teixeira Alvares não ficaram sem fruto, pois havia, asseguraram-me, mais união e boa fé em Santa Luzia do que nas outras partes