O governo provisório e a revolução de 1893 - 1º v.

Mal sabíamos, então, que nossas apreensões iriam muito mais longe do que havíamos previsto, e se realizariam muito mais cedo do que havíamos imaginado.

O manifesto político que, sob sua assinatura dirigiu à nação, ao assumir a suprema direção dos negócios públicos, arquitetado sob aparências de sólidas garantias, de sedutoras promessas e fagueiras esperanças, não passou das regiões ideais: foi, simplesmente, um doce e ledo engodo.

Dizia este manifesto:

"Cortemos energicamente nas despesas. Eliminemos as repartições inúteis. Estreitemos o âmbito do funcionalismo, reduzindo o pessoal e remunerando-lhe melhor os serviços.

Fortaleçamos e moralizemos a administração, norteando escrupulosamente o provimento dos cargos do estado pela competência, pelo merecimento, pela capacidade. Limitemos as aposentadorias aos casos taxados na lei e, fora destes, apenas às exigências mais imperiosas de uma seleção severa.

Não multipliquemos as pensões, em que, gota a gota, se podem avolumar torrentes de despesas arruinadoras. Cinjamo-nos, na criação de serviços novos, à necessidade absoluta, forcejando, quanto se possa, para que a cada parcela na columna dos sacrifícios corresponda uma verba compensadora na das economias.

Fujamos do filhotismo republicano, transformação imoral e funesta do antigo nepotismo monárquico, não contribuamos para continuar a manter, sob as novas instituições, os hábitos de uma nação de pretendentes. E se procedermos assim, teremos meio caminho vencido para a reforma das nossas finanças, reconstituição do nosso crédito e fecundidade de nossas forças vitais".

Sem dúvida, era belo e fascinador este programa e, por isso mesmo, mais triste e desoladora foi a decepção por que passou o país: em tempo algum se viu tão desprezado