O governo provisório e a revolução de 1893 - 1º v.

amigos do Marechal Deodoro da Fonseca, isto é, de que, apenas votada a Carta Constitucional, demitiria ele o Ministério, passaria as rédeas do governo ao Barão de Lucena, seu melhor amigo, em quem depositava inteira e cega confiança; e de que, ciente o Ministério dessa intenção do Presidente da República, e ao mesmo tempo desejoso de deixar o governo porque já pressentia os sintomas precursores do desmoronamento do edifício bancário, via na concessão do porto das Torres uma porta aberta, por onde, ao menos em aparência poderia decentemente sair, antes que fosse despedido ou se realizasse a catástrofe esperada. As cartas abaixo transcritas confirmam em parte esta versão.

"Rio de Janeiro, 20 de Janeiro de 1891".

"Generalíssimo. Tendo sido votado hoje pelo Congresso Nacional, em primeira discussão, o projeto da Constituição da República, circunstância da qual ficou dependente a nossa retirada da gerência dos negócios públicos, pela demissão que demos dos nossos cargos, na última conferência celebrada a 17 do corrente em consequência da nossa oposição à garantia de juros para a construção do porto das Torres, aguardamos a designação de nossos sucessores, reiterando-vos os protestos da nossa alta consideração. Ruy Barbosa, M. Ferraz de Campos Salles, Francisco Glicério, Eduardo Wandenkolk, Q. Bocayuva e Cesário Alvim".

"Capital Federal, 21 de Janeiro de 1891"

"Ilustres cidadãos. Em resposta à vossa carta de ontem, solicitando dispensa do Ministério, tenho a honra de declarar-vos que a concedo, lamentando apenas que tenha servido de pretexto a essa resolução a garantia de juros para a construção do porto das Torres, obra aliás urgentíssima, de elevado alcance político e econômico, e como tal reconhecida pela quase totalidade do Ministério."

"Reitero-vos os protestos da minha consideração."