E, com efeito, o fato que passamos a expor e outros que se lhe seguiram, confirmarão esse conceito, que, aliás, dele já se fazia no antigo regímen pelos atos de prepotência, praticados nos estados, outrora províncias, cujas administrações lhe foram confiadas.

Ao assumir as rédeas do governo, o Barão de Lucena encontrou na tela da discussão a questão do porto das Torres, contra a qual a imprensa da Capital Federal se havia pronunciado, demonstrando e provando à saciedade, entre outras coisas, que a construção desse porto artificial era totalmente dispensável, pois que os melhoramentos da barra do Rio Grande, já há muito em andamento, preencheriam os fins a que ele se destinava: e, portanto, ser esse novo e pesado encargo para o já exausto Tesouro Público um sacrifício exigido do país em proveito, e só em proveito, do feliz concessionário.

Ora, tendo sido, além disto, essa concessão a causa, pelo menos aparente, da retirada do transato ministério, este fato mais profundamente arraigou no espírito público a convicção de que se tratava de uma monstruosa batota, de um escândalo de tal ordem, capaz até de fazer recuar aquele ministério com justo motivo denominado o "ministério das concessões", pelo sem número das que havia doado.

Um estadista prudente, de espírito conciliador, de vistas largas e patrióticas, teria, ante as circunstâncias do momento, ante a exaltação dos ânimos e a natureza da questão em jogo, desviado o Presidente da República desse seu intento irrefletido e antipatriótico, ou, quando muito, para contemporizar com seu estado excessivamente mórbido, ter-lhe-ia aconselhado aguardasse ocasião mais propícia para realizá-lo. O Barão de Lucena, porém, lavrando e assinando o contrato dessa concessão contra a qual se havia acentuadamente manifestado a opinião pública, logo após sua subida ao ministério, julgou, parece, que a situação, ao contrário, favorecia seus planos de governo; e que no extremo até onde haviam chegado os acontecimentos, era necessário um ato