Descrevendo os lugares que percorri transportar-me-ei sempre à época da viagem, e farei abstração dos acontecimentos de que a América foi o teatro desde o meu regresso à França. Mas deve-se dizer, apesar da feliz revolução a cujos primórdios assisti, e que permite conceber para o futuro dos brasileiros tão belas esperanças, não deve ter havido grandes mudanças no interior do país. Faltam os elementos para reformas rápidas a regiões de população tão pouco densa e ignorância ainda tão profunda. Aliás, o quadro que aqui exponho da situação do Brasil, no momento em que esse império proclamou sua independência, mostrará aos habitantes o ponto de onde partiram para entrar no caminho das melhorias; e, se quando essas se começarem a manifestar de modo eficaz, alguns entre os brasileiros da geração que agora se está educando lançarem um golpe de vista por este livro, verão o quanto devem agradecer a seus pais por terem começado a tirar o país de abjeção tão deplorável. Verão o quanto devem ser gratos principalmente ao príncipe generoso que identificou seus interesses com os de seu povo, e que, libertando um imenso império soube, ao mesmo tempo, preservá-lo dessa cruel anarquia cujas devastações tão profundos traços deixaram nas belas campinas do Rio da Prata, do Paraná e do Uruguai. (2) Nota do Autor
Montpellier, 21 de Março de 1830.