Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais t. 1

porém, que o viajante não pode ver tudo com seus próprios olhos. Passa quando se está semeando; quando se fizer a colheita já estará longe; é, portanto, obrigado a basear-se nas informações de outrem, e, consequentemente, está sujeito a enganar-se. É possível que mais de uma vez, talvez, me tenha isso sucedido; mas será somente nesses casos que terei induzido em erro aos que me lerem.

Como a cidade de Rio de Janeiro era o lugar de depósito para minhas coleções de história natural, aí voltei por várias vezes, e, por conseguinte, a minha viagem geral se compõe de várias excursões particulares inteiramente distintas. Foi a província de Minas Gerais que percorri em primeiro lugar com minuciosidade, e começarei por fazer conhecida esta província que tornam tão digna de interesse as riquezas que em outro tempo possuiu, as que ainda hoje encerra, a imensa cadeia de montanhas que a percorre, a variedade de sua vegetação, a inteligência notável dos habitantes e as tribos indígenas que marginam suas fronteiras. Na segunda parte descreverei o norte da província do Rio de Janeiro e a do Espírito Santo; na terceira, finalmente, darei ao público a relação da viagem de três anos que fiz por Goiás, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande, e pelas margens do Rio da Prata e do Uruguai. Espero que se encontrem novidades na parte que agora dou ao prelo; a terceira narrativa, porém, ainda encerrará maiores, visto que, por assim dizer, que eu saiba, nada se escreveu até agora a respeito dos desertos de Goiás, desses deliciosos campos gerais, que tão bem conviriam a colônias europeias, dos arredores de Curitiba, de uma vasta porção da província do Rio Grande, etc., e que, desde a supressão dos jesuítas, as missões tão cheias de interesse do Rio Uruguai caíram, a bem dizer, em completo olvido.

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