Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais t. 1

pavilhões chineses e cobertos de telhas de canal. Moitas de bananeiras rodeiam essas pequenas residências, e, não raro, um coqueiro, elevando-se acima de seus tetos, contribui ainda para aumentar o pitoresco, pela sua elegância e simplicidade de formas.

Próximo de algumas ilhas vimos negros que, metidos na água até a cintura, juntavam mariscos. Como não há rochas calcáreas nas proximidades do Rio de Janeiro, substituem-lhes a cal pela obtida das conchas. Para prepará-la elevam-se grandes cones colocando alternativamente, umas sobre as outras, camadas espessas de conchas e lenha, e põe-se fogo. O trabalho de colher mariscos na água é dos mais desfavoráveis à saúde dos negros, e frequentemente lhes causa perigosas moléstias.

Passamos entre a terra firme e a Ilha do Governador, a maior de toda a baía, e chegamos à foz do pequeno rio Miriti.

Enquanto submetido ao sistema colonial o Brasil esteve fechado aos estrangeiros com tanto rigor que, em um livro impresso em França há doze ou treze anos apenas, ainda se discutia sobre se a baía do Rio de Janeiro era ou não a embocadura de um grande rio. Hoje em dia essa baía é tão conhecida como os nossos portos mais frequentados; a emulação dos europeus é tal que poucos anos lhes foram suficientes para adquirirem sobre o Brasil noções perfeitamente exatas, e dentro em pouco terão ultimado de descrever o menor inseto e a mais insignificante gramínea desse país imenso, que há bem pouco ainda se apresentava à sua imaginação envolto nesse maravilhoso que é sempre o apanágio dos objetos distantes e pouco conhecidos.

Uma imensidade de rios desaguam na baía do Rio de Janeiro: tendo suas nascentes nas montanhas vizinhas, seu curso é, geralmente, pouco extenso; mas facilitam o

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