Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais t. 1

ficou, em seguida, cinco anos sem produzir novas. (12) Nota do Autor

Não se julgue que as matas virgens sejam por toda a parte absolutamente idênticas; apresentam variações conforme a natureza do terreno, a elevação do solo e a distância do Equador. As matas dos arredores do Rio de Janeiro têm mais majestade do que todas as que vi em outras partes do Brasil, talvez porque em parte alguma a umidade seja tão grande como lá; entretanto, as florestas das províncias do Espírito Santo e Minas Gerais, mesmo as das províncias mais meridionais de São Paulo e Santa Catarina, têm também suas belezas, e, à medida que for desenrolando a narrativa, darei a conhecer as diferenças que mais me impressionaram.

Se as florestas virgens servem de asilo a alguns animais perigosos, tais como as serpentes, são, por outro lado, o abrigo de um número considerável de espécies completamente inofensivas: veados, antas, cutias, várias espécies de macacos, etc. Os urros dos macacos barbados, repetidos pelos ecos, assemelham-se ao rugir de um vento impetuoso que se interrompesse por intervalos, espaçando-se pouco a pouco. Milhares de pássaros, cuja plumagem difere tanto quanto os hábitos, fazem ouvir um gorgeado confuso; os batráquios misturam seus coaxados variados e bizarros, e as cigarras seus trinados agudos e monótonos. É assim que se forma essa voz do deserto, que não é mais que a expressão do temor, da dor e do prazer partindo de seres diferentes. No meio de todos esses sons um ruído mais saliente vibra nos ares, faz retumbar a floresta, e espanta o viajante. Julga ouvir os golpes de um martelo sonoro batendo na bigorna a que se seguisse o trabalho entontecedor da lima exercendo-se sobre o ferro. O viandante olha para todos os lados, e se admira quando descobre

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