Decididamente, quem tem razão em matéria de briga de estudantes, é o sutil autor d'A Cidade e as Serras, quando, em um de seus Bilhetes de Paris, disse que aqueles, geralmente, têm a revolta muito fácil, mas muito curta. E, desde que os barulhos são feitos unicamente por estudantes, a ordem renasce de repente, quando, uma madrugada, eles se sentem esfalfados de tanto berro e de tanto encontrão, e recolhem-se à casa para mudar de roupa e de entusiasmo".
O que há, porém, de mais doloroso, de mais grave e de mais lamentável, no conflito de 18 de novembro último, é que houve a capitis diminuição da perda da autonomia didática da Universidade de Minas Gerais, ficando a mesma privada da assistência, das luzes, do esforço inteligente e abnegado de seu primeiro Reitor, o qual, com razão, desgostoso e amargurado, se demitiu do cargo que tanto nobilitara, retirando-se de Belo Horizonte.
Tal conflito, acreditamos, foi um eclipse funesto no céu, ordinariamente límpido, da vida escolar mineira. Como todo eclipse, porém, esse será de curta duração.
Terminando sua monumental História Romana, disse Th. Mommsen que a aurora só reaparece depois que a noite cobriu o mundo com suas sombras e depois de haver terminado o seu curso.
Entre nós, em boa hora, a noite, com seus sobressaltos, seus pesadelos, seus imprevistos e suas emboscadas, já passou.
A aurora vai repontar...