despercebida a pele ornada de tatuagem quadriculada, semelhante a tabuleiros de xadrez. Para isso se utilizavam da maioria corante extraída do jenipapo.
A carta de Caminha só foi publicada trezentos e dezessete anos depois de escrita, em vésperas da Independência brasileira, e no Brasil. A edição publicada pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, em comemoração do 4º Centenário do Descobrimento do Brasil é excelente, por encerrar o fac-símile do texto original, a versão em itálico no português da época e, também, uma versão em itálico, em português atual.
Varnhagen chamou-lhe o documento mais venerando da história colonial e o mais antigo que existiu em nossa língua materna, escrito no nosso país natal. "O Brasil teve um historiador no próprio dia do seu descobrimento".
A carta do achamento do Brasil, primeiro documento em língua portuguesa, que descreveu as coisas brasileiras, foi "a benção linguística" do novo território da nossa pátria amada.
Trasladamos o que a respeito dessa carta, escreveu Manoel de Sousa Pinto, em sua monografia — Pero Vaz de Caminha: "Impõe-se uma edição crítica, amplamente comentada, dessas páginas guardadas na Torre do Tombo e preciosas sob o aspecto histórico, literário, filológico, etnográfico, artístico, geográfico, etc.
Bastará dizer que, com toda a literatura acumulada sobre o assunto, ainda não foi possível apontar um erro de fato no extraordinário observador, que tudo via pela primeira vez, mas definitivamente. Que ele acertasse nas grandes linhas dos seus quadros, já lhe testemunharia o valor, mas a exatidão e variedade dos pormenores igualam os méritos do conjunto. É prodigioso de minúcia e colorido".