Natureza, doenças, medicina e remédios dos índios brasileiros (1844)

O piloto português, cujo nome se ignora, também fez curiosas anotações no seu diário de navegação. Dentre elas vejamos esta: "Pela volta da tarde tornamos às naus, e no dia seguinte determinou-se fazer aguada, e tomar lenhas; pelo que fomos todos à terra, e os naturais vieram conosco para ajudar-nos.

Alguns dos nossos caminharam até uma povoação onde eles habitavam, coisa de três milhas distante do mar, e trouxeram de lá papagaios, e uma raiz chamada inhame, que é o pão, de que ali usam, e algum arroz; dando-lhe os da Armada cascavéis e folhas de papel, em troca do que recebiam. Estivemos neste lugar cinco ou seis dias: os homens, como já dissemos, são baços, e andam nus, sem vergonha, tem os cabelos grandes, e a barba pelada; as pálpebras e sobrancelhas são pintadas de branco, negro, azul ou vermelho; trazem o beiço debaixo furado e metem-lhe um osso grande como um prego; outros trazem uma pedra azul ou verde e assobiam pelos ditos buracos: as mulheres andam igualmente nuas, são bem feitas de corpo e trazem os cabelos compridos". Navegação do Cap. Pedro Álvares Cabral. Escrita por um piloto Português. Traduzida da língua portuguesa para a italiana e novamente do italiano para o português. Coleção de Notícias para a História e Geografia das Nações Ultramarinas. Tomo II. n.º III, pg. 109.

Muitas particularidades outras, relativas à terra e à gente do Brasil se acham nas cartas do nosso primeiro cronista e do piloto da armada.

Afirmamos que o arguto Gabriel Soares foi, incontestavelmente, quem melhor base nos legou para alicerçar os estudos etnográficos dos Tupinambás; foi ele o fundador da etnologia brasileira. O sábio naturalista Marcgrav também se dedicou a esses estudos, referidos em sua obra magistral.

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