A glória de Euclides da Cunha

OS VERSOS

Euclides da Cunha foi e não foi um grande poeta. A poesia tem como matéria-prima inicial sentimento e imaginação. Sobre estas duas substâncias, acrescidas da cultura, se vai modelar em forma musical a poesia.

Em Euclides os sentimentos estuavam por vezes na violência que ele próprio traduziu, num desabafo, naquele fragmento do "Observando", a comédia em 15 atos (que ficou num só), da Escola Militar: "Feliz de mim se conseguir acumular no cérebro força bastante para equilibrar a do coração". A sua imaginação, que tomava, não raro, voos divinatórios, transfigurava os fenômenos e as cenas mais simples em quadros de majestade. A terra, na própria simpleza de sua forma, adquiria na sua linguagem a dramaticidade de ser vivo, sofredor e augusto. A flora, a fauna e sobretudo o homem, especialmente na identificação profunda com o meio cósmico, tudo assume, ao calor de sua imaginação candente, porte de epopeia. Não fora o contrapeso de sua formação científica positiva e seria ele levado aos maiores absurdos.

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