A glória de Euclides da Cunha

do discurso de posse na Academia: "O poeta, o sonhador em geral, quem quer que se afeiçoe a explicar a vida por um método exclusivamente dedutivo, é soberano no pequeno reino em que o entroniza a sua fantasia". Convém notar que o próprio Euclides, ao emitir esse conceito, situava-se da outra margem, pois que escrevia em seguida: "Nós, não. Os rumos para o ideal baralha-no-los o próprio crescer do domínio sobre a realidade, como se à hierarquia lógica dos conhecimentos positivos acompanhassem, justalinearmente as nossas emoções sempre mais complexas e menos exprimíveis".

Mas para ser o grande poeta em verso, que não foi, faltou-lhe ou a espontaneidade de Raimundo Correia, que se sentia mais a gosto escrevendo, até coisas familiares, metrificadamente, ou a paciência de Olavo Bilac, mortificadamente, na escolha das vozes exatas, sonoras, harmoniosas

"............ No aconchego

Do claustro, na paciência, e no sossego,

Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
"

como o aconselhou "A um poeta".

O próprio Euclides confessa preferir a espontaneidade à paciência na conhecida poesia "Fazendo versos".

Não teve ele o dom nativo do primeiro e a cultura beneditina do segundo.

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