Ainda de 83 (8 de novembro) estes versos:
EU QUERO
Eu quero à doce luz dos vespertinos pálidos
Lançar-me, apaixonado, entre as sombras das matas
— Berços feitos de flor e de carvalhos cálidos
Onde a Poesia dorme, aos cantos das cascatas...
Eu quero aí viver — o meu viver funéreo,
Eu quero aí chorar — os tristes prantos meus...
E envolto o coração nas sombras do mistério,
Sentir minh'alma erguer-se entre a floresta e Deus!
Eu quero, da ingazeira erguida aos galhos úmidos,
Ouvir os cantos virgens — da agreste patativa...
Da natureza eu quero nos grandes seios túmidos
Beber a Calma, o Bem, a Crença — ardente e altiva.
Eu quero, eu quero ouvir o esbravejar das águas
Das asp'ras cachoeiras que irrompem do sertão...
E a minh'alma, cansada ao peso atroz das mágoas,
Silente adormecer no colo da solidão...
Publicada no "Democrata", já de 84:
A CRUZ DA ESTRADA
Se vagares um dia nos sertões,
Como hei vagado, — pálido, dolente,
Em procura de Deus — da fé ardente
Em meio das soidões...
Se fores, como eu fui, lá onde a flor
Tem do perfume a alma inebriante,
Lá onde brilha mais que o diamante
A lágrima da dor...