A glória de Euclides da Cunha

Acabo de estudar — da ciência fria e vã,

O gelo, o gelo atroz me gela ainda a mente,

Acabo de arrancar a fronte minha ardente

Das páginas cruéis de um livro de Bertrand.

Bem triste e bem cruel decerto foi o ente

Que este Saara atroz — sem aura, sem manhã,

A Álgebra criou — a mente, a alma mais sã

Nela vacila e cai sem um sonho virente.

Acabo de estudar e pálido, cansado

Dumas dez equações os véus hei arrancado,

Estou cheio de "spleen", cheio de tédio e giz.

É tempo, é tempo pois do trêmulo e amoroso

Ir dela descansar no seio venturoso

E achar do seu olhar o luminoso X.


Estas quadrinhas líricas, também de 1884:

COMPARAÇÃO ...

"Eu sou fraca e pequena..."

Tu me disseste um dia.

E em teu lábio sorria

Uma dor tão serena,

Que em mim se refletia

Amargamente amena,

A encantadora pena,

Que em teus olhos fulgia.

Mas esta mágoa, o tê-la

É um engano profundo.

Faze por esquecê-la:

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